terça-feira, 15 de maio de 2007

FUNDAÇÃO MÍTICA DE FRUTAL


E foi por este rio bosteiro em que pescavas
que as proas arriaram para afundar a pária?
Iriam às frutas as vaquinhas pintadas
por entre os aguapés da correnteza arisca.

Pensando bem a coisa, supomos que o corguinho
era marrom então como a terra doce
com sua estradinha velha para marcar o latifúndio
em que esbanjou um general e os índios sumiram.

O certo é que dez homens e outros dez arriaram
por um pomar que de largo tinha uns cinco pés
ainda de laranjas e abacaxis povoado
e pedras doloridas que enlouqueciam a cambada.

Fincaram algumas calçadas trêmulas pelo centro,
e dormiram abraçados. Dizem que na matriz,
mas estes são boatos que forjaram no Estudantil.
Um quarteirão inteiro e em meu bairro: Ipê.

Um quarteirão inteiro é o Polivalente,
exposto às alvoradas, aabb´s e contadores.
A quadra similar que persiste em meu bairro:
Claiton Brito, Buraco Fundo e Marretão.

Um armazém rosado como as costas de um pêssego
brilhou e lá no fundo um mameluco gritava;
no armazém cor-de-rosa defloraram o compadre,
rainha da esquina agora, e ressentido e duro.

Já no primeiro realejo saudavam os bóias frias
com seus rostos baixos, sua marmita e pirajubanos.
Por certo o barracão já ostentava na Vila,
alguma viola mandava sertanejos de Goiás.

Uma praça suja e verde surgiu defronte
a igreja. Seus bancos desmoronavam em ontens,
e os homens caiam em um passado ilusório.
Só faltou uma coisa: o fumo Fulgor.

Para mim só na lenda começou Frutal:
entendo-o tão passageiro como a fruta: verde, madura, perdida